Canção do cais

O barco só parte à tarde.
Mar de jade, o vento bate.
O sol vem apagando marte.
O bilhete, a madrugada,
os horários na parede
ordenam-te, seco: aguarda.
Pelas neblinas esparsas
guardas rondam as saudades
dos olhares de quem parte.
E tu partes.
Partido em tardes e amores
e alardes, buscas um porto
em alguma outra parte.
Perdeste a guerra.
E agora sais, rompendo teias
e ceias e quartas-feiras.
Te equilibras na beira.
E cais.
Com teus estandartes
e sétimas artes
num mar de trovas
e rosas covardes.
Ardes, e tudo o mais – mas
(de mais a mais)
logo mais, à tarde,
seria tarde
demais.

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